30/06/09

"roubei" este anúncio de um blog conhecido porque o achei genial. já que, no post anterior, mostrei qual a minha visão de má propaganda política, aqui fica a minha perspectiva de uma campanha política ideal. contudo, não estou a ter em conta os votantes que conseguirá mobilizar ou a atenção que irá captar - foco-me unicamente no facto de ter sido feito um óptimo trabalho publicitário que eu, como estudante da área, reconheci, admirei e invejei. a prova de que se pode inovar em campos tidos como "tradicionais", mantendo uma postura séria e cativante.


28/06/09

resolvi ir visitar o MUDE, com o objectivo de ver a exposição "ombro a ombro: retratos políticos". é uma exposição interessante que acho que todos os amantes de fotografia/política/design/propaganda vão apreciar - mas não só. ao deparar-me com os cartazes da primeira ministra da Ucrânia, Yulia Tymoschenko, cedo percebi que os amantes de Star Trek e da sequela cinematográfica Fast and Furious também iam gostar. se a confusão tomou conta da vossa mente, eis a explicação:


pois é, esta senhora, com este cartaz magnífico-foleiro, ascendeu a chefe de Governo. prontamente, fiz o paralelismo: se José Sócrates pretende ser primeiro ministro de novo, porque não adoptar uma propaganda política similar? para mim, um cartaz de José Sócrates montado num burro (algo mais à escala do nosso pequenino Portugal) fará milagres...

27/06/09

"Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir."
george orwell

24/06/09

confissão #5

a seguir ao exame de teorias da comunicação de hoje, a coisa de que menos gosto dá pelo nome de "pessoas anónimas". interrogo-me se sentem assim tanto desprezo por elas próprias para nem sequer se nomearem. pior, interrogo-me se serão movidos a ódio, estupidez ou mesquinhez. mas se calhar é "só" falta de coragem.

22/06/09

Ser turista é fugir da responsabilidade. Os erros e os defeitos não se colam em nós como em casa. Somos capazes de vaguear por continentes e línguas, suspendendo a actividade do pensamento lógico. O turismo é a marcha da imbecilidade. Contam que sejamos imbecis. Todo o mecanismo do país hospedeiro está adaptado aos viajantes que se comportam de um modo imbecil. Andamos às voltas, aturdidos, olhando de esguelha para mapas desdobrados. Não sabemos falar com as pessoas, ir a lado nenhum, quanto vale o dinheiro, que horas são, o que comer ou como o comer. Ser-se imbecil é o padrão, o nível e a norma. Podemos continuar a viver nestas condições durante semanas e meses, sem censuras nem consequências terríveis. Tal como a outros milhares, são-nos concedidas imunidades e amplas liberdades. Somos um exército de loucos, usando roupas de poliester de cores vivas, montando camelos, tirando fotografias uns aos outros, fatigados, desintéricos, sedentos. Não temos mais nada em que pensar senão no próximo acontecimento informe.

don delillo, in "os nomes"

12/06/09

breakfast at sulimay's

aconselho vivamente o visionamento deste programa porque ver 3 velhinhos de phones nos ouvidos a darem a sua opinião sobre bandas/cantores modernos como Animal Collective, Beck ou Andrew Bird, é, sem dúvida, curioso. e mais, é também hilariante e rico do ponto de vista cultural - afinal basta imaginarmos o que seria pôr os nossos próprios avós a ouvirem as nossas bandas favoritas para percebermos o choque cultural que ia ser. desconfio até que se pusesse o meu avô a ouvir o Eddie Vedder gritar "I'M STILL ALIVE" ele se ia benzer a seguir. deixo aqui um excerto (não do meu avô a benzer-se mas do programa):


11/06/09

o dilema do 'não me apetece estudar, mas tenho que'. a vontade de ouvir the shins até à morte, ao mesmo tempo que salto no meio de prados verdejantes. o desejo de me deitar na relva de pés descalços a ver as estrelas e a comer um balde de haagen-dazs. querer muito apanhar o primeiro avião que me leve para fora daqui e para fora de mim. basicamente, estar aqui, a fazer isto, agora, não faz sentido nenhum.
preciso de arrumar o meu quarto, o meu computador, a minha cabeça.
e quero banhos tardios no rio, filmes ao entardecer, e noites com conversas vindas de dentro.

sinto-me amarrada.

garden state não é um dos filmes da minha vida. contudo, consegue atingir-me de uma maneira acutilante. embora não seja grande fã de filmes tidos como "românticos", em garden state consigo vislumbrar o tipo de amor que admiro e invejo: o amor utópico, aquele com que sonhamos uma vida mas que nunca se dá. conhecer alguém em 4 dias e amá-la com o coração inteiro soa, na realidade, bastante improvável; no filme faz todo o sentido. para mim é essa capacidade de espelhar o amor que tantos milhares ambicionam que torna este num dos filmes de culto da minha geração. além disso Zach Braff mostra, para além do talento como actor que já conhecemos de Scrubs, uma sensibilidade especial como argumentista e director. aconselhável a todos os românticos do século XXI.
"Everything is more complicated than you think. You only see a tenth of what is true. There are a million little strings attached to every choice you make; you can destroy your life every time you choose. But maybe you won't know for twenty years. And you'll never ever trace it to its source. And you only get one chance to play it out. Just try and figure out your own divorce. And they say there is no fate, but there is: it's what you create. Even though the world goes on for eons and eons, you are here for a fraction of a fraction of a second. Most of your time is spent being dead or not yet born. But while alive, you wait in vain, wasting years, for a phone call or a letter or a look from someone or something to make it all right. And it never comes or it seems to but doesn't really. And so you spend your time in vague regret or vaguer hope for something good to come along. Something to make you feel connected, to make you feel whole, to make you feel loved. And the truth is I'm so angry and the truth is I'm so fucking sad, and the truth is I've been so fucking hurt for so fucking long and for just as long have been pretending I'm OK, just to get along, just for, I don't know why, maybe because no one wants to hear about my misery, because they have their own, and their own is too overwhelming to allow them to listen to or care about mine. Well, fuck everybody. Amen."

synecdoche, new york

um filme feito de confusão, capaz de baralhar, deprimir e confundir a mente mais sã. mas com citações infinitamente brilhantes.

10/06/09


quem mais poderia ter salvo o meu dia sem ser o manel cruz? dá quase vontade de lhe agradecer pela beleza musical que cria.

diz-me o porquê dessa canção tão triste me fazer sentir tão bem
de certo eu ouço a voz que tu ouviste
talvez tu sabes de onde vem

(e em jeito de "toma lá que o teu dia está a ser bastante nojento" recebi a setlist)

07/06/09

é nas pequenas coisas que me foco. vivo dos pormenores, procuro detalhes como quem respira.
um sorriso nos olhos, uma frase escrita a fugir num bocado de papel rasgado, a música que estava a dar no café naquele dia, a maneira como o sol batia na janela do carro.
é quase obsessivo, quase doentio, procurar coisas pequenas. querer ver para além da megalomania actual.
para mim é aí que estão as verdadeiras diferenças. longe dos pormenores, somos todos estupidamente iguais. sem detalhes, parecemos todos membros da mesma família - fardados, uniformizados, produzidos em série.
daqui a umas horas vou votar. vou fazer a última coisa que me falta fazer para me tornar adulta (ou um protótipo de). no entanto, estou à nora. não consigo que a política me cative; já tentei ler sobre isso, prestar mais atenção ao telejornal, tudo isso. e nada, a política não me seduz. pior, acho que não é só a mim, parece-me que este analfabetismo político é bem característico da minha geração. é certo que somos os adultos de amanhã, temos que ter presentes os nossos deveres enquanto cidadãos e bla bla bla, mas temos culpa que ver séries e ir ao bairro soe melhor do que ler manifestos dos partidos?

e claro que achava piada ver o Avô Cantigas no Parlamento Europeu mas acho que vou mesmo recorrer à 'pimpuneta'.

04/06/09

fugir parece sempre a melhor opção.
não que seja cobarde, mas viver (aqui) às vezes cansa.
não quero mais a cabeça cheia, nem o chão a fugir.
e estou farta dos meus constantes suicídios.
desejo #2

queria ter tido 20 anos nos anos 80.
chegar. partir. dois movimentos tão antagónicos, mas sempre tão juntos.
nas chegadas, o coração a gritar e as pernas a quererem sempre correr mais e mais só para chegarem mais rápido.
nas partidas, o coração a gemer baixinho e os pés a arrastarem, como se andar um metro fosse caminhar um continente.
mas há sempre uma constante: cabeça e coração em ti, com a certeza de que faz tanto sentido.

é bom voltarmos a fazer sentido.

03/06/09

acabei de fazer um teste para ver o meu posicionamento político, e adivinhem que partido me deu? o MPT - Partido da Terra. está aqui um excerto do programa político:

"A necessidade da dignificação da nossa “Terra” obriga-nos a defender os princípios da Ecologia, a insistir numa política global de ambiente e a avançar com uma política de desenvolvimento sustentável, sem esquecer que é o interesse do Homem e, em especial, o interesse dos Portugueses e dos povos culturalmente irmãos que está no centro de todas as mudanças. A Ecologia que defendemos impõe uma visão humanista da sociedade."

e eu penso "mas eu gosto tanto de andar de carro..."

01/06/09

é evidente que podemos explicar. é evidente que podemos concluir. é evidente que podemos curar. é evidente que podemos abrir 1 consultório e dizer: PAGA! é evidente que podemos psicanalizar. é evidente que podemos ter componentes. é evidente que podemos começar pelo início. é evidente que podemos ter emoção e razão e céu em cima e terra por baixo. é evidente que podemos comer e não dar por isso, defecar e não dar por isso, fornicar e fecundar e não dar por isso. é evidente que podemos Regressar. é evidente que podemos enumerar e dar os nomes certos às coisas erradas. é evidente que podemos acertar. é evidente que podemos ter 1 corpo sem falhas excepto a Falha Grande que é MORRER e as outras falhas pequenas que são a dor a doença e a velhice. é evidente que podemos fixar, explicar, concluir, exemplificar, começar, abrir 1 consultório, curar, receber e pagar, estruturar, desenvolver, ter ideias claras e ideias claras, é evidente que podemos pensar, dançar e depois pensar ou então o contrário é evidente, enfim, de novo, insisto, que podemos explicar, mas é melhor não.
gonçalo m. tavares, in "livro da dança"
desejo #1



troco o meu ipod e a minha perna direita por uma "coisa" destas.