29/05/09

faz hoje um ano que tirei a carta. sem eu perceber bem, esse foi um dos dias mais importantes que já tive; e porquê? porque o dia 29 de Maio de 2008 iria ser o início de uma imensa odisseia.
já conduzi a rir sem parar, já conduzi a chorar como se o Mundo fosse acabar, já conduzi com um sol imenso e com as janelas todas abertas e já conduzi com chuva torrencial, nevoeiro e a forte probabilidade de nevar. já conduzi a cantar a plenos pulmões e já conduzi quase a ouvir o meu próprio ressonar de tanto sono que tinha. já bati num muro, num candeeiro, num portão e numa parede - mas nunca bati noutro carro! já discuti com taxistas, já quis muito atropelar peões e já praguejei contra condutores lentos e totós. até já soprei no balão!
descobri que conduzir é mesmo um prazer e é uma forma excelente de assustar os amigos que andam comigo no carro (quantos de vocês já temeram pela vida, hum?); e mais, descobri que conduzir sozinha no carro com as músicas que mais gosto a tocar alto é uma das melhores formas de liberdade. sabe tão bem.

(a todos aqueles que me acham azelha a conduzir: só bati naqueles objectos todos porque o carro é grande)

28/05/09

"Salientámos no nosso trabalho a forma como nos apropriamos, ou somos apropriados, pela realidade circundante e as inquietações que dominam a sociedade contemporânea em geral. Como somos condicionados e segregados pelos media, pelo discurso publicitário, pela televisão. Como temos necessidade de nos publicitarmos a nós próprios, de construímos modelos e convenções que muitas vezes nos restringem nas nossas escolhas e acções, estremando parâmetros na nossa liberdade enquanto indivíduos. (...) Contemporâneos de uma inevitável globalização, procuramos desvendar a nossa época, onde várias vezes somos atentados pela superficialidade, somos formatados conforme a opinião pública, o "senso comum" e consumimos estereótipos que invadem o nosso quotidiano e subtilmente condicionam a nossa imagem."
adriana aboim, sobre "atentados" - peça representada pelo gtn

24/05/09

There are only patterns, patterns on top of patterns, patterns that affect other patterns.
Patterns hidden by patterns. Patterns within patterns.

If you watch close, history does nothing but repeat itself.

What we call chaos is just patterns we haven’t recognized.
What we call random is just patterns we can’t decipher.
What we can’t understand we call nonsense.
What we can’t read we call gibberish.
There is no free will.
There are no variables.
chuck palahniuk, in "surviver"

i am fused Just in case i blow out. i am glued Just in case i crack out.

21/05/09

confissão #4

hoje gritei no meio da rua e toda a gente olhou para mim com ar de "mas qual é o teu problema? não vês que viver é espectacular?"

as pessoas começam-me a provocar uma certa urticária.

19/05/09

a minha vida é um grande palavrão.
conselho #1

quando pensarem em namorar, devem parar por um segundo e ter em atenção certos pontos:

1 - certifiquem-se de que a pessoa que querem, não trabalha/estuda no mesmo sítio que vocês porque quando as coisas acabam é chato. aliás, o melhor é mesmo tentar namorar com uma pessoa de outra cidade, distrito ou país. o ideal seria namorar com uma pessoa de outra planeta.

2 - não namorem com alguém bonito. se a pessoa que desejam for bonita, tentem transformá-la numa pessoa feia adicionando um buço, um corte de cabelo estranho ou fazendo um implante de verruga. assim fica tudo mais simples quando têm que a esquecer.

3 - por último, mas não menos importante, pensem melhor se não querem antes namorar com vocês próprios. é certo que há coisas que têm mais piada a dois, mas porque não começar a dar beijinhos no espelho e a enviar mensagens de boa noite a nós mesmos? economia de tempo, de dinheiro e até de dor.

digo eu, que não percebo nada disto.

14/05/09

PROCURA-SE PESSOA MODERADAMENTE FIXE PARA TROCA DE VIDA.

atentamente,

inês-à-beira-de-um-colapso
nos dias mais ocupados, é quando sinto mais tédio. parece que as contradições tomaram de assalto a minha vida.

(pago 1000€ e dou muitos beijinhos a quem quiser acabar o segundo semestre por mim)
confissão #3

em 80% dos meus sonhos, tu apareces.
confissão #2

em 90% dos dias, acordo a desejar ser outra pessoa.
confissão #1

em 95% dos dias, o curso que estou a tirar soa-me tão mal como "bacalhau assado com batatas a murro"

13/05/09

estou
a
ficar
completamente
louca.
tanto drama, tanta dor de cabeça. horas à noite sem dormir, horas de dia a dormitar. faço a sesta, assim o mundo não me consegue apanhar à tarde. será que se eu dormir o dia todo o mundo deixa mesmo de me apanhar? era bem feita.
tanta dor de cabeça, tantas memórias. alguém que me ofereça uma borracha mental! ou uma vida começada do zero, só com partes boas. música, fotografia, cinema, livros, amigos, e uma cama grande e branca. só minha - que ninguém entre mais na minha cama!
ai, drama. sai daqui! quero paz de espírito e chegar a casa de madrugada com dores nos pés por ter dançado horas e horas. livre e sem peso, quase a levitar.
será demais exigir a invenção de um anti-dramático? ou tenho mesmo que mudar de país, para um sítio onde o drama não me apanhe?

(pago 1000€ a quem quiser acabar o 2º semestre por mim)

10/05/09

"não acredito no conceito de felicidade. é uma nivelação por baixo daquilo que se pode esperar da vida - e o que se pode esperar da vida é a capacidade de tirar prazer da existência humana, sabendo coabitar ao mesmo tempo com o sofrimento que é inerente à espécie. felizes podem ser, talvez, os besouros..."
carlos amaral dias, in expresso

09/05/09

os espaços morrem como as coisas ditas vivas, isso é evidente. tudo é mortal, excepto aquilo que não percebemos.
gonçalo m. tavares

06/05/09

escolher é imperativo: ou eu, ou eu.

tirem-me de mim.

Vendo bem, parece que a Utopia está mais próxima de nós do que se poderia imaginar há apenas quinze anos. Nessa época coloquei-a à distância futura de seiscentos anos. Hoje parece praticamente possível que esse horror se abata sobre nós dentro de um século. Isto se nos abstivermos, até lá, de nos fazermos explodir em bocadinhos. Na verdade, a menos que nos decidamos a descentralizar e a utilizar a ciência aplicada não com o fim de reduzir os seres humanos a simples instrumentos, mas como meio de produzir uma raça de indivíduos livres, apenas podemos escolher entre duas soluções: ou um certo número de totalitarismos nacionais, militarizados, tendo como base o terror da bomba atómica e como consequência a destruição da civilização (ou, se a guerra for limitada, a perpetuação do militarismo) ou um único totalitarismo internacional, suscitado pelo caos social resultante do rápido progresso técnico em geral e da revolução atómica em particular, desenvolvendo-se, sob a pressão da eficiência e da estabilidade, no sentido da tirania-providência da Utopia. É pagar e escolher.


aldous huxley, prefácio de "admirável mundo novo"

1946

03/05/09

não gosto propriamente de condecorar pessoas ou gerar hierarquias de qualquer género. contudo, admito que existem coisas que merecem ser reconhecidas e valorizadas.
assim, queria só deixar um obrigada a todas as caras que estiveram lá nestes meses difusos e confusos, caras essas que muitas vezes tiveram ombros em que chorei e troncos que abracei com a força de mil pessoas. quero agradecer por todo o carinho, dedicação, ouvidos, amor. por me terem mostrado que ainda existem pessoas que não arredam pé no meio de tempestades e fins do mundo. se ainda cá estou direita, sã, viva por dentro, a vocês o devo. porque se calhar não sabem, mas os vossos pequenos gestos e palavras foram o meu medicamento mais forte.

(sou um bocado saloia, não sou?)